De frente para o inimigo?

Data: 
13/06/2008 - 14:09
Chamada: 
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A LER, Lesão por Esforço Repetitivo, não é exatamente uma novidade (os primeiros registros foram feitos pelo médico italiano Bernardino Ramazzini, em 1713). No entanto, desde a década de 80, quando os PCs surgiram e começaram a ganhar popularidade, os registros da doença aumentaram a ponto de hoje ser quase impossível não associar o problema ao uso do computador. De lá pra cá muita coisa mudou. Sabe-se, por exemplo, que o programador frenético, que digita o dia inteiro, não é o único candidato a contrair o mal. “Não é somente a quantidade de movimentos que pode causar lesões. Permanecer muito tempo na mesma posição e numa tensão muito grande também afeta o corpo”, afirma Ana Isabel B.B. Paraguay, doutora em saúde pública, mestre em Ergonomia e pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da USP. Por conta dessas novas descobertas, a LER ganhou um novo nome: Dort, Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho. Mas, independentemente do nome, o problema ainda está no topo da lista das doenças que mais afastam os trabalhadores de suas funções. Não há números oficiais e atuais a respeito da LER no Brasil, mas estima-se que o mal seja hoje a razão de mais da metade dos afastamentos de funcionários registrados pelo Instituto Nacional de Seguridade Social, o INSS. Para os usuários de computador, as áreas mais afetadas pela LER/Dort são as mãos, os punhos e os braços. Essas partes do corpo sofrem principalmente com as tendinites de extensores do punho. Durante a digitação, os tendões (Tecidos que ligam os músculos aos ossos) são obrigados a fazer um esforço para manter os músculos realizando os mesmos movimentos. Quando a ação é realizada durante um intervalo grande de tempo, esses tecidos vão inflamando, causando muita dor e inchaço. Além de apertar as teclas, é normal a pessoa deixar os ombros elevados e abertos durante a digitação. Mantendo essa posição durante muito tempo, são grandes as chances de desenvolver a chamada tendinite de supra-espinhoso, que afeta os tendões do músculo responsável pelos movimentos de elevação e rotação externa do braço. Em outros casos, de frente para o micro, uma pessoa pode adquirir uma cervicobraquialgia, causada principalmente pela tensão muscular próxima ao pescoço. O nome é complicado, mas o problema nada mais é do que uma dor na coluna cervical (próxima à nuca), que irradia para todo o braço. Há outros problemas que muitas vezes são associados a LER/Dort, como a bursite (inflamação da bursa, bolsa que funciona como amortecedor das articulações. Ataca ombros, cotovelos e joelhos), epicondilite (inflamação dos tendões do cotovelo) e síndrome do túnel do carpo (Aparece quando o nervo mediano, localizado no punho, fica comprimido e provoca formigamento na mão). Mas é importante destacar que apesar de ser um dos causadores dessas patologias, o uso exagerado do PC não é o único responsável por esses males. “Essas doenças podem afetar pessoas que nunca tocaram num computador, mas realizam outros movimentos repetitivos ou apresentam problemas, como uma disfunção hormonal e um reumatismo”, diz Flavio Faloppa, chefe do departamento de ortopedia e traumatologia da Universidade Federal de São Paulo. Junto com a repetição dos movimentos e a má postura, existem outros fatores capazes de desencadear ou acelerar um quadro de LER/Dort. “A pressão e o stress no trabalho e até o ar condicionado podem agravar a LER”, diz Osmar de Oliveira, ortopedista e especialista em reabilitação. Segundo o médico, o ar exageradamente frio resfria o corpo, causando contratura muscular e diminuição da circulação, o que acelera os problemas causados pelas Lesões por Esforço Repetitivo.
EM CURA? As opiniões sobre a cura da LER/Dort são divergentes. Enquanto alguns especialistas dão como certa a solução da doença, outros acreditam que isso só é possível quando o problema é detectado e tratado no estágio ainda inicial. O tratamento também depende do quão evoluída está a doença. As técnicas mais usadas e indicadas por médicos são as sessões de fisioterapia, o uso de antiinflamatório e a imobilização do membro. Mas o ideal, antes de qualquer tratamento, é tentar se prevenir de todas as formas e manter o problema bem longe das mãos e do corpo. “O computador não é o grande vilão da LER. O problema está na maneira como ele é usado”, afirma Carlos Maurício Duque, consultor de ergonomia. Um bom começo para a prevenção é saber a postura mais indicada para cada posto de trabalho. Diante do computador, é importante apoiar as costas no encosto da cadeira, que deve ter uma reclinação de uns 100 graus. Os pés também precisam ficar totalmente apoiados no chão. Já o monitor, é ideal que fique bem à frente do operador, na mesma altura da cabeça. O teclado pode ser colocado de frente para o usuário e numa posição que permita o apoio dos punhos durante a digitação. Para quem usa notebook, os cuidados devem ser ainda maiores. Nada ergonômico, o micro portátil tem um teclado pequeno demais e, quando colocado sobre a mesa, a tela fica muito abaixo da altura correta. Esses usuários devem ter em casa ou no escritório um mouse e um teclado convencionais que possam ser plugados ao portátil e um suporte que sustente a tela na altura correta. Ou, se preferir, usar uma dockstation completa para a conexão dos periféricos ao micro. MEXA-SE Seja no desktop ou no notebook, é claro que ninguém consegue manter a mesma postura durante um dia inteiro de trabalho. Por isso, não hesite em fazer uma pausa e mudar de atividade quando for necessário. A legislação trabalhista prevê um intervalo de dez minutos a cada 50 minutos de digitação ou trabalho similar. Mas há quem defenda que essa pausa deve ser definida pelo próprio usuário, que deve parar, nem que seja para tomar uma água, ao primeiro sinal de fadiga. “É importante que cada pessoa se conscientize de usar o computador de maneira mais responsável”, diz Maria José Americano, presidente do Instituto Nacional de Prevenção às LER/Dort. Na tentativa de manter a dor bem longe, muitos usuários e empresas aderiram ao uso de acessórios como mousepad com apoio de pulso, suporte para os pés ou mesmo móveis com altura e posição reguláveis. “O uso de acessórios e equipamentos ergonômicos é importante, mas é preciso acabar com o mito de que eles são suficientes para evitar a LER/Dort”, afirma Maria Maeno, coordenadora do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado de São Paulo. Movimentar-se também ajuda a prevenir o problema. Os exercícios aplicados na ginástica laboral têm o objetivo de compensar as articulações mais exigidas no posto de trabalho. Mesmo que não haja um programa de ginástica laboral na empresa, uma boa espreguiçada e uma respirada profunda já têm um efeito positivo. Para quem fica na frente do micro o dia inteiro, INFO separou, com a ajuda dos fisioterapeutas Gisele Cirelli e Paulo Cinelli, exercícios que podem compensar o batuque no teclado. Quer experimentar? É só seguir as dicas abaixo. Mãos, braços e pescoço na mira O que a má postura diante do computador pode fazer com o corpo Do pescoço para todo braço - A tensão nos músculos próximos ao pescoço comprime a coluna cervical. A compressão, com o tempo, gera uma inflamação, provocando fortes dores que irradiam para todo o braço. Ombros doloridos - A digitação com os ombros elevados e abertos pode sobrecarregar e inflamar os tendões do músculo supra-espinhoso, que passa por dentro do ombro. A famosa tendinite - A digitação ininterrupta pode sobrecarregar os tendões dos músculos extensores do punho, causando tendinite. A dor vai do cotovelo às mãos. Até o dedo sofre - Usar o dedão exageradamente para mandar SMS também causa tendinite. Nesse caso, ela atinge somente o polegar. O dedão sofre com o celular Os problemas relacionados à LER/Dort não começam no pulso, mas um pouco mais embaixo. Mais especificamente no dedão. Com o uso cada vez maior de celulares para envio de SMS ou de smartphones para o envio de e-mails, são cada vez mais comuns os casos de Síndrome de DeQuervain ou tendinite no dedão. Assim como a LER, o problema não é novo e vem sendo estudado há pelo menos 100 anos. Causada por movimentos repetitivos do dedo polegar, a doença recebeu vários apelidos com o passar do tempo. Já foi chamada de dedão de lavadeira (washer woman’s thumb), dedão do Nintendo (Nintendo thumb) e atualmente vem sendo denominada dedão do Blackberry (Blackberry Thumb), inspirada no smartphone da RIM, sucesso de vendas nos Estados Unidos. “Para evitar o problema, o melhor é usar o celular ou smartphone para digitar mensagens curtas. Se quiser digitar mensagens longas, opte por um teclado externo”, diz Alan Hedge, diretor do Human Factors and Ergonomics Laboratory, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. O corpo em movimento Os exercícios a seguir ajudam a aliviar o esforço de horas digitando. Todos os movimentos podem ser feitos em pé ou sentado. Segundo os fisioterapeutas Gisele Cirelli e Paulo Cinelli, para ajudar no alongamento, o ideal é permanecer em cada posição durante 30 segundos. Já nos exercícios de repetição, como o da segunda foto, é indicado realizar o mesmo movimento ao menos dez vezes durante sua execução.

  • Com uma das mãos, puxe a cabeça para o lado, procurando olhar para o chão
  • Faça círculos com os ombros para trás. Repita o movimento dez vezes
  • Estenda o braço com a palma da mão para cima. Use a outra mão para puxá-la para baixo
  • Com as mãos cruzadas na nuca, puxe a cabeça para baixo
  • Apóie a mão numa parede ou num armário e gire o tronco para alongar os braços
  • Sentado na cadeira ou em pé, leve o tronco para frente, tentando alcançar o chão

Personal trainer contra LER Não consegue desgrudar do micro um só minuto? Isso não é desculpa para deixar de movimentar-se. O Vitaworks (www.konicsbenter.com.br/vitaworks), software desenvolvido pela Konics Benter Solutions em parceria com o Instituto Nacional de Prevenção a LER/ Dort, dá dicas e ensina movimentos de ginástica laboral na tela do PC. INFO testou o programa. A seqüência de exercícios é longa e levou exatos 47 minutos e 4 segundos para ser concluída. Mas o usuário pode executar séries reduzidas, fazendo apenas os movimentos sentado ou em pé. No teste, em alguns momentos a mudança rápida de tela interrompia a narração. No formato de curso a distância, o Vitaworks necessita de acesso à internet para ser realizado. É vendido para empresas e usuários domésticos. O preço para uso individual é de 60 reais.


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